segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Não sei onde estás. Dantes estavas nas margens de todas as folhas. Agora fugiste dos meus cadernos: já não há rabiscos teus a velar a minha escrita.
No início eu abria o guarda-chuva e tu caías de dentro dele. E eu não podia deixar de sorrir. Era o único a sorrir quando começava a chover. Agora ainda que abra e feche o guarda-chuva vezes sem conta – e faço-o com muita frequência – tu não apareces.
Lembro-me quando te escondias dentro dos meus olhos: eu fechava-os e o teu rosto acendia-se. E acendias-me por dentro. Agora fugiste de dentro de mim. Eu olho para dentro, vasculho o meu interior e não encontro nada mais que estrelas e poeira cósmica. Tenho todo o cosmos dentro de mim. Só tu é que não estás. E sabes o que fizeste para que isto acontecesse? Eu digo-te. Nada. Não fizeste nada.

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